Coberto de mistério e lendas, antigo hotel de luxo vira casa assombrada na Grande Florianópolis

A disputa por uma herança e um assassinato, entre dois irmãos, fazem parte dos mistérios que rodeiam um hotel assombrado em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis. A estrutura, que foi referência em hospedagem entre os anos 1980 e 1990, atualmente, é um ponto turístico que desperta a curiosidade e a desconfiança de quem visita a região da praia das Bananeiras.

Imagem aérea mostra localização do antigo Hotel Tinguá, às margens da Praia das Bananeiras, em Governador Celso Ramos – Foto: Vítor Miranda/NDTV
A equipe do Balanço Geral Florianópolis, da NDTV Record, visitou o local, que tem uma vista deslumbrante e paradisíaca. Moradores da região, que conheceram e frequentaram a estrutura, contam como era o local antes de se transformar em parte das lendas urbanas da cidade, a cerca de 50 quilômetros da capital catarinense.
Em uma rápida pesquisa na internet, é possível localizar diversos vídeos de curiosos que vão até o local para contar os mistérios do hotel assombrado nas redes sociais. Abandonada, a edificação está depredada, cheia de pichações e estragos causados não só pelo tempo, mas por pessoas que ainda frequentam o hotel assombrado, em diferentes horas do dia ou da noite.

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De hotel de luxo a imóvel abandonado
Referência em hospedagem entre os anos 1980 e 1990, o Hotel Tinguá era um ambiente luxuoso e que atraía hóspedes de diferentes regiões do estado e de fora dele. A cabelereira Noeli da Silva não chegou a frequentar o local, mas atendia a proprietária, já falecida, no salão de beleza do qual é dona.
“Era muito bonito, um hotel caro, só vinha para cá quem era muito rico e sabia que seria bem tratado. Os quartos eram bem equipados, as camas eram todas feitas de cimento, tinha um restaurante bem servido, quadra de tênis e área para as crianças. Aqui, para a cidade, era um hotel de luxo”, conta a cabelereira.
Na década de 1990, conforme lembra Lili, como é conhecida, a área foi negociada com uma construtora para ser transformada em um loteamento residencial. A atividade no setor de hotelaria foi encerrada naquele período, mas a obra acabou sendo embargada por questões estruturais e o imóvel nunca mais foi utilizado.

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Área externa tem grama alta e estrutura em ruínas – Emerson Samoel/ND

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Estrutura danificada, um dia, já foi um dos hotéis mais luxuosos da Grande Florianópolis – Vítor Miranda/NDTV

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Telhado de imóvel foi destruído e galhos ocupam espaço que, no passado, recebeu hóspedes de diferentes regiões do estado e fora dele – Mariana Fontão/ND

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Área, antes utilizada para lazer, está abandonada – Emerson Samoel/ND

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Telhado de imóvel foi destruído e galhos ocupam espaço que, no passado, recebeu hóspedes de diferentes regiões do estado e fora dele – Mariana Fontão/ND

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Pixação na parede indica onde ficava um restaurante, na área externa do antigo Hotel Tinguá – Vítor Miranda/NDTV

Briga de família dá origem à lenda de hotel assombrado
Não foi apenas o abandono do espaço e os estragos causados ao longo do tempo que deram origem às histórias de fantasmas e assombrações que circundam o antigo Hotel Tinguá. As brigas pela herança da família e a morte de dois, dos cinco filhos de Elaine e Alencar, antigos proprietários do edifício, ajudam a construir a fama de hotel assombrado.
“Tudo começou depois que o seu Alencar morreu, só se sabe que eram desavenças entre os herdeiros. O Fernão matou o Casinho e ocultou o corpo, até hoje não se sabe onde ele foi enterrado. O que aconteceu ao certo só a família que deve saber”, relembra Noeli da Silva, sobre a versão que ouviu da história.
Outra narrativa da história, que também circula entre os moradores de Governador Celso Ramos, é de que a morte de Casinho teria sido encomendada. Na versão contada por Lili, Fernão teria tirado a própria vida na banheira de um hotel, em outra cidade. Há, ainda, quem diga que ele tenha morrido na prisão ou que tenha cometido suicídio, justamente, para não ser preso.
Telhado do hotel assombrado, em Governador Celso Ramos, está parcialmente destruído por falta de manutenção – Foto: Emerson Samoel/ND
Nem uma das mortes dos irmãos, no entanto, aconteceu no hotel assombrado, que já estava desativado à época em que ocorreram, no início dos anos 2000. O fato, no entanto, acabou sendo absorvido como parte dos mistérios que ajudam a tornar o Hotel Tinguá um dos pontos turísticos preferidos de quem é fã de histórias de terror.
Turistas buscam experiências sobrenaturais em hotel assombrado
Emerson Samoel é guia turístico em Governador Celso Ramos e já perdeu as contas de quantas pessoas levou para conhecer as ruínas do que sobrou do Hotel Tinguá. Segundo ele, os visitantes que vão ao endereço buscam por experiências místicas e sobrenaturais.
“As pessoas perguntam sobre a história desse lugar porque tem esse sentimento de lugar assombrado, um medo né?! Alguns pensam em vir acampar aqui, à noite, para ver se enxergam alguma coisa. A galera vem até com detector de presença para ver se percebem a movimentação de espíritos”, conta à reportagem do ND Mais.
Apesar da expectativa sobrenatural, o que Emerson e turistas guiados por ele tiveram em um dos passeios foi uma experiência essencialmente terrena. “Estava apresentando a história lugar, explicando cada cantinho e, chegando na parte superior, entramos em um cômodo e tinha uma pessoa deitada. Era um morador de rua que estava dormindo ali. Foi um susto pra ele e para o grupo”, relembra o guia turístico, ao rir da situação.
A cabelereira Noeli, que conheceu a família fundadora do hotel assombrado e é moradora antiga da cidade, garante: “O hotel ficou com essa característica de hotel fantasma, mas nunca se viu fantasma aqui, não, gente!”.

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