Em julho, uma baleia-de-dentes-de-espada foi encontrada morta em uma praia da Nova Zelândia, marcando um evento raro na ciência marinha. Essa espécie, considerada uma das mais raras do mundo, temapenas sete avistamentos registrados.
“Não consigo descrever o quão extraordinário isso é”, afirmou Anton van Helden, consultor sênior de ciências marinhas da agência de conservação da Nova Zelândia. “Para mim, pessoalmente, é inacreditável”.
Com muitos mistérios envolvendo seu comportamento e habitat, esse estudo representa a primeira dissecação científica da espécie, realizada por cientistas e especialistas de várias áreas.
A baleia-de-dentes-de-espada é uma das mais enigmáticas do oceano, com muito pouco conhecimento sobre sua vida e ecologia.
Nenhum exemplar vivo foi visto no mar, e ainda há muito a ser descoberto sobre seu habitat, comportamento, sistema estomacal, estrutura cerebral e fontes de alimentação.
A descoberta de um exemplar para dissecação oferece uma oportunidade única para a ciência, podendo revelar segredos cruciais sobre essa espécie tão rara.
O estudo, realizado em um centro de pesquisa agrícola próximo a Dunedin, busca respostas sobre diversos aspectos da baleia, incluindo suas fontes de alimentação, a produção de sons, a presença de parasitas exclusivos e outras características físicas e biológicas.
Essa pesquisa, que envolveu uma colaboração com os Māori, povo indígena da Nova Zelândia, também trouxe à tona a importância cultural da baleia.
Para os Māori, as baleias são consideradas “taonga” (tesouro precioso), sendo tratadas com grande reverência, respeitando tradições culturais, como orações e rituais durante o estudo.
Além da importância científica, o estudo visa preservar o patrimônio cultural neozelandês. Após a dissecação, o maxilar e os dentes da baleia serão mantidos pelo iwi local, enquanto uma réplica em 3D dessas partes será criada.
O esqueleto será exposto em um museu, tornando o estudo acessível ao público e garantindo que a pesquisa beneficie tanto a ciência quanto a preservação da cultura local.
História da baleia
A história dessa baleia remonta a 1872, quando os primeiros ossos foram encontrados na Ilha Pitt, na Nova Zelândia. Outros registros foram feitos em 1950 e 1986, mas nunca houve um estudo científico detalhado.
A análise genética realizada em 2002 confirmou que se tratava de uma espécie nova, e em 2010, duas outras baleias foram encontradas, mas não estudadas adequadamente. O sétimo exemplar encontrado em 2023 proporcionou a oportunidade de realizar essa pesquisa.
Acredita-se que as baleias-de-dentes-de-espada vivam no Oceano Pacífico Sul, onde mergulham profundamente em busca de alimento, permanecendo raramente à tona.
Veja o vídeo: