Baratas e ordem de despejo: alunos são lesados por academia de Florianópolis e dono é detido

A Company Fitness, academia de Florianópolis localizada no bairro Córrego Grande, fechou as portas na última semana sem aviso prévio aos alunos. Cerca de 400 pessoas tiveram prejuízo financeiro, visto que o proprietário se nega a cancelar os contratos.

Os alunos acusam a academia de Florianópolis de golpe e o dono foi levado à delegacia – Foto: Divulgação/ND
“Fiquei bem surpreso quando cheguei aqui e estava tudo fechado”, conta Daniel Stack, doutorando em antropologia, em entrevista ao Balanço Geral Florianópolis.
A Company recebia cerca de 800 pessoas por mês. Os clientes contam que, no dia 1º de janeiro, parou de funcionar nos horários estabelecidos e não abre mais as portas desde segunda-feira (6).
Os clientes organizaram um ato para confrontar o proprietário, que se negou a cancelar os contratos – Foto: Reprodução/BG Florianópolis/ND
“A gente percebeu que a academia estava quase falindo. Tentamos conversar com o dono, só que não recebemos retorno”, declara Walério Dias, criador de conteúdo.
Ele diz que academia de Florianópolis estava abrindo em alguns dias somente com recepcionista, sem a presença de um instrutor: “A academia estava funcionando de forma equivocada, porque não pode abrir sem instrutor”.
A falta de limpeza no estabelecimento causava a invasão de baratas – Foto: Reprodução/BG Florianópolis/ND
Uma reclamação recorrente dos alunos era a falta de manutenção, limpeza e qualidade dos equipamentos. Imagens mostram que o local tinha até baratas.
“No último ano foi decaindo a qualidade do serviço. Eles até investiram em equipamentos, mas realmente a limpeza do espaço começou a piorar muito”, observa o engenheiro de dados Antônio Freire Hickel.
Academia de Florianópolis acusada de golpe tinha ordens de despejo e alvará vencido
A academia de Florianópolis, na Rua João Pio Duarte e Silva, recebia em torno de 800 pessoas por mês – Foto: Divulgação/Company Fitness/ND
Com o fechamento da academia de Florianópolis, os clientes tentaram contato com os responsáveis para cancelar os planos, sem sucesso. A maioria fez o pagamento no cartão e não consegue interromper as parcelas.
“A gente está tentando cancelar junto com os bancos as próximas parcelas, só que eles pedem muitas vezes o comprovante de cancelamento e a gente não está tendo esse retorno por parte da academia, então a gente não está conseguindo cancelar” diz a pós-doutoranda Francielle Crocetta Turazzi.
A Company fechou as portas na segunda-feira (6) e os alunos reivindicam o dinheiro de volta – Foto: Reprodução/BG Florianópolis/ND
Uma das vítimas do golpe é o designer gráfico Rodrigo Kormann. Ele adquiriu um plano anual durante a promoção da Black Friday e pagou tudo em dinheiro. Agora, não consegue recuperar os valores.
“Eu já fazia essa academia há um ano e tinha tirado um tempo. Como surgiu essa promoção, eu aderi. Era um valor bem atrativo. Eu assinei dia 30 de novembro e comecei a frequentar em dezembro”, diz Rodrigo.
Segundo a reportagem do Balanço Geral Florianópolis, o alvará de funcionamento da academia estava vencido desde junho de 2024. Além disso, documentos obtidos pelos alunos revelam que haviam ordens de despejo contra a empresa por falta de pagamento do aluguel.
Proprietário da academia de Florianópolis é detido pela polícia
O dono da academia foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos – Foto: Reprodução/BG Florianópolis/ND
Na quinta-feira (9), os clientes organizaram um ato na frente da academia e confrontaram o proprietário. “Ele começou na negar os cancelamentos, não propunha nenhuma solução”, afirma um aluno que não quis se identificar.
O grupo acionou a polícia para evitar uma confusão e o dono da academia de Florianópolis foi levado à 5ª Delegacia de Polícia da Capital para prestar esclarecimentos. Um boletim de ocorrência foi registrado. Segundo a reportagem, ele pode ser investigado por estelionato.
“A Polícia Militar esteve aqui e percebeu que o proprietário entrava em contradição, não estava disposto a fazer os cancelamentos”, conta o aluno. “Nós vamos entrar com uma ação no Ministério Público, algumas pessoas vão entrar com uma ação no juizado individual e nós vamos esgotar todas as medidas legais cabíveis”.
O Procon estadual já recebeu sete reclamações e os clientes pretendem entrar com uma ação no Ministério Público contra a academia – Foto: Divulgação/Secom/ND
A coordenadora do Procon-SC (Diretoria de Relação e Defesa do Consumidor), Michele Alves Rabelo, informou que o órgão já recebeu sete reclamações relacionadas ao caso e que um processo administrativo está sendo instaurado.
“O que nós recebemos de informações dos consumidores é que o contrato não foi cumprido, ou seja, houve a contratação de uma prestação de serviço e houve a interrupção desse contrato sem a menor satisfação ou a devolução do valor que foi pago até o final do ano”, afirma a coordenadora.
“Então essas pessoas que porventura tiveram qualquer prejuízo financeiro terão que ingressar judicialmente ou tentar um acordo com a própria empresa. E o Procon fará essa análise em relação a descumprimento de uma regra de consumo”, completa.
O ND Mais tentou contato com a academia de Florianópolis Company Fitness pelo WhatsApp e pelo Instagram, mas não obteve retorno até o momento desta publicação. O espaço segue aberto.
Assista à reportagem completa do Balanço Geral Florianópolis

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