Multidão, caos e homens armados na entrega das reféns em Gaza

Foto mostra o momento em que uma refém israelense saindo de um veículo para ser entregue ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha, na Cidade de Gaza, em 19 de janeiro de 2025

As três reféns israelenses libertadas, neste domingo (19), pelo Hamas foram entregues à Cruz Vermelha em uma cena caótica em uma Cidade de Gaza abarrotada, em meio a milicianos armados e encapuzados com faixas verdes na cabeça.

Uma multidão de palestinos se reuniu na praça para ver a primeira libertação dos reféns capturados em 7 de outubro de 2023 no âmbito do atual cessar-fogo, que entrou em vigor neste domingo.

Os combatentes do Hamas foram forçados a conter a multidão diante do comboio da Cruz Vermelha na praça Saraya, no oeste da Cidade de Gaza. Muitos presentes repetiam em coro “Deus é o maior!” em árabe.

Um jornalista da AFP disse que os combatentes do movimento islamista palestino tentaram a princípio manter o público afastado dos carros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Mas quando outro comboio de veículos brancos chegou à praça com as três mulheres reféns, uma multidão de milhares de pessoas se dirigiu para cercá-las.

Imagens da APFTV mostraram combatentes palestinos armados e usando balaclavas posicionados em torno da caminhonete em que viajavam as três mulheres, enquanto outros se colocaram em cima do veículo.

As três mulheres – Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher – foram as primeiras a ser libertadas em virtude do acordo de cessar-fogo acertado esta semana entre Israel e Hamas.

O pessoal do CICV, vestindo jalecos vermelhos, trocou algumas palavras rapidamente com os milicianos do Hamas que usavam as faixas verdes distintivas do grupo.

“Dezenas de membros armados das Brigadas al Qassam participaram da operação”, declarou à AFP um dirigente do Hamas, referindo-se ao braço armado do movimento islamista que governa Gaza.

Ao seu redor, aglomerava-se uma grande multidão, que às vezes ameaçava sobrecarregar os combatentes que protegiam o comboio, obrigando-os a fazer as pessoas recuarem.

A multidão agitava bandeiras palestinas e do Hamas enquanto cantava vivas e assobiava. Alguns se agarraram a grandes painéis publicitários para ver a libertação das reféns.

Um jovem nos ombros de outro começou a entoar cânticos em homenagem a Yahya Sinwar, um dos artífices do ataque de 7 de outubro de 2023, morto por soldados israelenses no sul de Gaza.

A praça Saraya, construída na década de 1930, é um dos principais pontos de reunião de Gaza e é conhecida por sua proximidade com os prédios administrativos do governo do Hamas.

As três jovens israelenses saíram de uma caminhonete branca e se dirigiram para os veículos da Cruz Vermelha, que as levaram até as forças israelenses posicionadas no território.

Muito depois de sua partida, a multidão continuou comemorando em frente a edifícios danificados no primeiro dia do cessar-fogo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.