Análise: Avaí e Figueirense vivem problemas ‘opostos’ às vésperas do clássico

Se Avaí e Figueirense tem algo em comum neste início de Campeonato Catarinense é a pontuação abaixo do esperado após as três primeiras rodadas. Mas a coincidência para por aí, uma vez que o maior problema de cada um é justamente o oposto do outro.

No Leão da Ilha, o ataque vive uma escassez de gols. Apenas um até aqui, na vitória por 1 a 0 diante do Santa Catarina na estreia da competição. O gol de Hygor nasceu após o rebote de uma cabeçada de uma cobrança de escanteio.
Com novas peças, como Eduardo Brock, João Vitor, Alef Manga, Burbano e Cléber já incorporadas ao time titular, Enderson Moreira manteve parte dos padrões ofensivos que já utilizava em 2024.
Quando se organiza para atacar, o Avaí faz uma saída a três, com Mário Sérgio junto aos zagueiros, além dos dois volantes à frente deles. Além disso, o treinador opta por subir Marcos Vinícius como um ponta pelo lado direito, Alef Manga fica bem aberto do lado esquerdo, enquanto Burbano e Marquinhos Gabriel circulam pelo centro do campo.
Mário Sérgio alinhado aos zagueiros na construção do Avaí – Foto: FCF TV/Reprodução/ND
A ideia é conseguir circular a bola encontrando os cinco jogadores de frente em superioridade contra a última linha de quatro defensores do time adversário.
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O grande problema do Avaí até aqui é como essa circulação de bola é feita. A lentidão na circulação da posse, além da pouca mobilidade para gerar desmarques, gera um time com poucas ideias ofensivas e que causa pouco desconforto na defesa rival.
Um artifício bastante utilizado pela equipe são as diagonais longas para encontrar Manga (ou Garcez ou Gaspar) e Marcos Vinícius em situação de 1×1 contra o lateral adversário. Contudo, a fase dos extremos do Leão não é a melhor.

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Avaí parte de um 4-2-3-1 – Tacticalboard/Reprodução/ND

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E se posiciona em um 3-2-5 quando tem a posse da bola – Tacticalboard/Reprodução/ND

Por outro lado, defensivamente a equipe corresponde muito bem até aqui. A bola área defensiva e a proteção a própria área são dois dos pontos fortes da equipe de Enderson Moreira, com destaque individual para Jonathan Costa, o zagueiro vive grande início de ano.
Observações sobre o Avaí:

O Avaí não é um time que costuma pressionar alto a saída de bola do adversário, a pressão costuma se iniciar na altura do meio-campo;
Alef Manga e Cléber carecem de mais ritmo de jogo após o período inativo, dupla ainda está devendo;
Equipe tem pouca circulação de bola e aproximação em corredor central, ficando muito dependente de jogadas pelas lados do campo;
Segundo dados do Sofascore, o Avaí é o time do Campeonato Catarinense que mais trocou passes no terço final do campo (119), contudo, o grande problema tem sido a finalização das jogadas.
O Avaí tem a melhor defesa do Estadual até aqui; a equipe não sofreu gols nas três partidas

FIGUEIRENSE
Se no rival o problema é o ataque, no Figueirense a maior deficiência vem sendo no sistema defensivo, especialmente nas bolas cruzadas na área.
Dos quatro gols sofridos pela alvinegro na competição, o que o tornam a pior defesa do torneio ao lado de Concórdia e Caravaggio, todos nasceram de cruzamentos para a área.
E dentro disso, há um padrão recorrente em três desses quatro gols: a falta de pressão no portador da bola na origem da jogada.
Pouca pressão no portador da bola na origem do lance – Foto: NSports/Reprodução/ND
O assistente do lance tem sempre muito espaço para fazer o cruzamento. A situação ficou bastante clara no terceiro gol do Criciúma no Orlando Scarpelli na quarta-feira, onde o lateral adversário teve muito espaço para encontrar Juninho livre dentro da área.
Ideias ofensivas
Thiago Carvalho mudou já na segunda rodada. O 4-2-3-1 do jogo contra o JEC na estreia se transformou em um 4-4-2 com o contestado Marlyson fazendo dupla de ataque com Kayke.

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Thiago Carvalho vem utilizando um 4-4-2 no Figueirense – Tacticalboard/Reprodução/ND

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Equipe costuma subir com os dois laterais ao mesmo tempo – Tacticalboard/Reprodução/ND

O treinador alvinegro prioriza uma saída a três na defesa, com um dos volantes descendo entre os zagueiros, liberando os dois laterais para subirem ao mesmo tempo.
Gabriel Santiago e João Lucas partem dos lados para o centro do campo, como meias. O treinador tem priorizado um jogo de toques curtos e aproximação no centro do campo. Falta, contudo, um capricho maior e tomadas de decisão melhores na finalização da jogada.
João Lucas vem conseguindo encontrar bons passes pelo Figueirense – Foto: FCF TV/Reprodução/ND
Observações sobre o Furacão:

O Figueirense vem conseguindo ter boa circulação no corredor central, especialmente com João Lucas encontrando passes entre as linhas;
Segundo dados do Sofascore, a equipe possui o quinto pior aproveitamento em duelo aéreos (44%) entre as 12 equipes da competição.
A equipe tem a terceira melhor média de passes trocados no terço final do campo (37,3)
Kayke e Marlyson têm as funções de variar entre quem baixa como apoio aos meias e quem gera profundidade, empurrando os zagueiro para trás.

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