Tendência viralizou nas redes sociais dos EUA e promete mudar formas de consumo. Repensar escolhas e optar por itens de segunda mão estão entre propostas. Loja cheia de clientes, em imagem de arquivo
Isadora Pereira/g1
“Coisas com as quais eu não gasto o meu dinheiro!” 💸
Esta frase começa a aparecer no meios digitais, seguida de algumas listas, principalmente de artigos considerados de luxo ou “descartáveis”. Ela é a base de um movimento chamado subconsumo que prega, entre outras ações, optar por produtos de segunda mão (saiba mais abaixo).
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A tendência viralizou há cerca de seis meses, de forma orgânica, nas redes sociais dos Estados Unidos e chega ao Brasil com a promessa de mudar a forma de consumir. Nos conteúdos, jovens da geração Z, nascidos entre 1997 e 2012, elogiam o ato de comprar somente o necessário e utilizar o que já se tem.
“As gerações Z e Alfa começaram a questionar as formas de consumo”, explica a jornalista, mestre em gestão e tecnologias ambientais e colunista da rádio CBN Rosana Jatobá.
“Quando se faz a aquisição de um produto novo, você compra um pedaço de meio ambiente. Afinal, há todo um processo de produção daquele objeto, antes que ele chegue até você”, diz Rosana Jatobá.
📌Geração Alfa: quem nasceu a partir de 2010. É a primeira geração a crescer inteiramente no século XXI. São os filhos dos Millennials e tiveram exposição intensa à tecnologia desde muito cedo.
📌MILLENIAL, Z, BETA E OUTRAS: saiba qual é sua geração e entenda as características de cada uma
Comprar faz parte do modelo econômico mundial, baseado no capitalismo e nas aquisições. Quando se usa as redes sociais, “os produtos saltam aos olhos”.
O Brasil é o terceiro maior consumidor de redes sociais no mundo, ficando atrás apenas da Índia e da Indonésia. O país tem cerca de 131,5 milhões de usuários conectados a essas plataformas, e os brasileiros passam, em média, 46 horas por mês nas redes sociais.
“A ideia do não comprar se origina da consciência socioambiental, da crise econômica ou da falta de organização financeira desses jovens. De repente, comprar demais não faz mais sentido, eles preferem repensar e analisar o que já possuem para evitar o consumo desnecessário”, diz Jatobá.
Como não gastar ❓
Uma forma de colocar em prática o estilo de vida “minimalista” é optar pela compra de itens usados. No Distrito Federal, por exemplo, a venda de materiais de segunda mão ganha força.
De acordo com a Fecomércio-DF, são 466 CNPJs referentes ao comércio varejista de artigos usados em Brasília – destes, 74% são Microempreendedores Individuais (MEI), ou seja, 345.
Os dados se referem ao comércio varejista de livros e revistas usadas, móveis, utensílios domésticos, eletrodomésticos, roupas, calçados e material de demolição.
Estimular o consumo consciente e a reutilização de peças faz parte da motivação da produtora cultural Carol Monteiro que criou o “Ao Desapego”, uma feira que brechós que reúne mais de 40 microempreendedores.
O projeto teve início em 2011 e, segundo Carol, “foi complicado aprimorar a feira devido à baixa oferta de parceiros para o empreendimento”. Atualmente, a iniciativa conta com o apoio de algumas casas de entretenimento e do Fundo de Apoio a Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).
“A internet nos ajuda bastante com a divulgação. Mas, ainda é um cenário complicado. Muitos acreditam que o universo de itens usados não tem qualidade. Temos que vencer este estereótipo”, diz Carol.
Também são propostas do subconsumo
Criar o dia do “gasto zero”
Considerar comprar objetos de segunda mão
Adotar o ideal do “Entra um, sai um”
Valorizar compras em brechós
Brechó, um estilo de vida
Bethânia Mayara teve contato com brechós desde pequena e hoje é dona de uma loja no DF
Arquivo pessoal
Bethânia Mayara compra roupas em brechós desde criança. De origem humilde, ela conta que o orçamento da família não era compatível com o preço das lojas de shoppings, por isso sempre usou roupas de segunda mão.
Atualmente, Bethânia é dona de duas lojas de brechós em Brasília: uma na região de Sobradinho e outra na Asa Sul.
“No princípio, eu me envergonhava. Mas, com o tempo, eu percebi a enorme possibilidade que as peças únicas me traziam. Somado a isso, eu sempre me arrumei, gostava de moda e de combinações. Desejava me formar e atuar na área”, conta a dona do brechó B ao Quadrado.
Bethânia lembra que durante a pandemia de Covid-19, quando ficou sem emprego, surgiu a ideia de abrir uma página no Instagram e divulgar algumas roupas usadas. “Hoje vejo que o brechó é o futuro. A conta não fecha, tudo que não é reutilizável vira lixo. Por isso, o mercado da moda sustentável é extremamente importante”, afirma.
📌Dica da Bethânia: Aderir ao “guarda-roupa cápsula”, tendência de criar um conjunto versátil de peças de roupa que podem ser misturadas e combinadas para criar múltiplos looks. 👖👗👚👕
Brechó B ao Quadrado
Arquivo pessoal
O prazer em comprar
Por outro lado, as compras estão interligadas ao sistema emocional, sendo cientificamente possível comprovar os efeitos dela no organismo. Segundo a psicóloga Jennifer Lisboa, o ato de comprar também pode estar relacionado a uma necessidade humana de pertencimento e validação social.
“Há compras que envolvem a liberação de neurotransmissores e hormônios relacionados ao prazer, à recompensa e regulação emocional”, diz a psicóloga.
A especialista alerta que é importante refletir antes de comprar, o que ajuda a reduzir as compras por impulso. Segundo ela, “a ação pode trazer um bem-estar mais duradouro, já que o consumo se alinha a valores e objetivos de vida”.
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