A delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL-RJ), revelou informações sobre a ligação entre o ex-presidente, o general Braga Netto eos manifestantes que participaram de atos após as eleições de 2022.
De acordo com a delação, divulgada neste domingo (26) pelo colunista Elio Gaspari, Braga Netto atuava como um elo entre os manifestantes e o ex-presidente, mantendo-o atualizado sobre o andamento e a intensidade das manifestações.
Cid afirmou que o general tinha comunicação constante com Bolsonaro, repassando informações sobre os protestos, embora a delação não detalhe se ele influenciava ou coordenava diretamente as ações dos manifestantes.
O general, segundo o relato, desempenhava um papel ativo em manter o ex-presidente informado sobre os desdobramentos dos atos.
O ex-presidente demonstrava interesse em manter os manifestantes nas ruas, acreditando que o apoio popular seria crucial caso houvesse uma descoberta de fraude nas urnas eletrônicas.
Bolsonaro entendia que, diante de uma eventual narrativa de irregularidade eleitoral, o clamor popular seria necessário para respaldar suas ações.
No entanto, ele orientou os caminhoneiros a não paralisarem o país, indicando preocupação com a possibilidade de um caos generalizado que pudesse agravar a situação.
Diálogo entre aliados
Além de Braga Netto, a delação menciona outros aliados de Bolsonaro que mantinham diálogo frequente com ele e incentivavam a ideia de um golpe de Estado, como seu filho Eduardo e esposa Michelle.
Essas figuras defendiam que Bolsonaro tinha o apoio popular necessário para tal ação, incluindo a influência de CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores), que, segundo o relato, eram vistos como um possível suporte civil em caso de um golpe.
Embora a delação aponte uma ligação entre as manifestações, o ex-presidente e seus aliados, ela não apresenta detalhes de uma coordenação direta para o planejamento de um golpe.