Efeito Trump e leilão do BC: o que explica a queda do dólar nas últimas semanas?

Após um grande período em alta, o dólar emplaca uma sequencia de quedas. 17 de janeiro foi o dia do último fechamento em alta e, nesta terça-feira, a moeda emplacou o 12º dia com redução do seu valor. Entenda os fatores que explicam a queda do dólar.

Entenda os fatores que explicam a queda do dólar – Foto: Freepik/Reprodução
Leilão do Banco Central
Sob o comando de Gabriel Galípolo, o BC (Banco Central) adotou medidas para evitar grandes oscilações da moeda. Antes de aumentar a taxa básica de juros (Selic) na semana passada, o BC fez um leilão de dólares. Para a economista Janine Alves, conselheira efetiva do Corecon/SC (Conselho de Economia), “isso evitou o movimento especulativo após o anúncio”.
Ainda, Janine argumenta que há uma entrada maior de dólares no país por parte de investidores e uma acomodação do mercado após a posse de Donald Trump nos Estados Unidos.
Medidas do Banco Central contribuíram com a queda do dólar – Foto: Roque de Sá/Agência Senado/ND
Declarações de Trump
As declarações diárias do presidente dos EUA ajudam a explicar a queda do dólar. Elas incluem temas polêmicos como aumento de tarifas e até a possibilidade de anexação de territórios, como Groenlândia, Canadá e o Canal do Panamá. Essas declarações têm gerado incertezas e desvalorizado o dólar em vários países, não apenas no Brasil.
O entendimento é de que Trump costuma criar crises para, depois, negociar em condições mais favoráveis para os EUA. O recuo da moeda norte-americana, nesta terça-feira, veio após a China revidar os EUA com tarifas de 15% em importações de energia dos Estados Unidos, além de taxar em 10% petróleo e equipamentos agrícolas americanos.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt afirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump e o presidente da China, Xi Jinping farão um telefonema em breve. Além das tarifas impostas aos EUA, os chineses anunciaram que vão investigar supostas violações do Google.
Falas de Donald Trump têm gerado incertezas e desvalorizado o dólar em vários países – Foto: X/ Reprodução/ ND
Além de Trump e dos movimentos do BC, Janine defende que o crescimento econômico do Brasil é um dos fatores que explicam a queda do dólar. “Os indicadores econômicos como crescimento do PIB, crescimento do emprego formal, o desempenho positivo da indústria, etc, também contam para redução do dólar”, afirma a economista.
Preço dos alimentos preocupa
No entanto, de acordo com Janine, o mercado segue atento ao déficit fiscal, às eleições presidenciais do próximo ano e à inflação. “Porém também é importante frisar que, mesmo acima da meta, a inflação vem caindo nos últimos 3 anos no Brasil”, frisa a conselheira.
Expectativa do Governo Federal é de que supersafra em 2025 reduza o preço dos alimentos – Foto: Freepik/Divulgação/ND
A principal pressão inflacionária vem do preço dos alimentos. O Governo Federal, por sua vez, espera uma supersafra em 2025 para aliviar os preços. “Com o dólar caindo, o mercado interno passa a ser mais atrativo para os produtores. O dólar está próximo de ficar num patamar menos volátil e próximo dos 5,70 reais”, completa Janine.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também observa com bons olhos a queda do dólar frente à inflação. Para ele, a redução da moeda e uma eventual safra forte são dois fatores que podem ajudar a reduzir o impacto da inflação no custo dos alimentos.
Fernando Haddad observa supersafra como sinal para redução dos preços dos alimentos – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/ND
“O dólar estava a R$ 6,10 e agora tá R$ 5,80. Isso ajuda muito. [Com a] ação do Banco Central, a ação do Ministério da Fazenda, essas variáveis macroeconômicas se acomodam em outro patamar e isso certamente vai favorecer. E estou muito confiante que a safra desse ano, pelos relatos que tenho tido do pessoal do agronegócio, vai ser uma safra muito forte e isso também vai ajudar”, declarou o ministro.
Queda do dólar chegou ao 12º dia consecutivo na terça-feira (4)
Na segunda-feira (3), o fechamento ficou em R$ 5,81. Às 12h23 (horário de Brasília) desta terça-feira (4), o dólar à vista operava com baixa de 0,86%, cotado a R$ 5,764 na compra e R$ 5,766 na venda. Na B3 (Bolsa de Valores brasileira), o dólar para março, atualmente mais líquido, subia 0,13% com 5.845 pontos.
Queda do dólar chegou ao 12º dia consecutivo na terça-feira (4) – Foto: Divulgação/B3

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