Proposta de Trump de assumir Gaza provoca revolta entre aliados e países árabes; veja reações

Países aliados e políticos adversários se posicionaram contra Donald Trump nesta quarta-feira (05). Na véspera, em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o presidente americano declarou o desejo de tomar o controle da Faixa de Gaza e realocar permanentemente palestinos.

Donald Trump pretende realocar palestinos de Gaza, o que pode atender aos interesses da extrema direita israelense – Foto: Shealah Craighead/Fotos Públicas/Divulgação/ND
O presidente americano detalhou um plano para construir novas moradias para palestinos fora da Faixa de Gaza. A ideia de Trump é assumir o território no Oriente Médio para reconstruir e enviar palestinos para Egito e Jordânia.
Aliados e adversários reagem ao anúncio de Trump
Diversos aliados estadunidenses já rejeitaram a proposta. A Arábia Saudita, um aliado importante para os Estados Unidos, criticou fortemente a ideia de Trump, afirmando o apelo por um Estado palestino independente de forma “firme, constante e inabalável”.
“O reino da Arábia Saudita também enfatiza o que havia anunciado anteriormente em relação à sua rejeição absoluta à violação dos direitos legítimos do povo palestino, seja por meio de políticas de assentamento israelenses, anexação de terras palestinas ou esforços para deslocar o povo palestino de suas terras”, disse a declaração.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia informaram em comunicado que defendem a solução de dois Estados no conflito e que não comentarão as propostas apresentadas até o momento.
Aliados e adversários ficaram contra sugestão de Trump – Foto: Roberto Schmidt/AFP/ND
O grupo islamista Hamas, que governou Gaza nas últimas duas décadas, disse que a proposta de Trump era uma “receita para criar caos e tensão na região”. “Em vez de responsabilizar a ocupação sionista pelo crime de genocídio e deslocamento, ela está sendo recompensada, não punida”, disse o Hamas.
Nos EUA, políticos da oposição rejeitaram rapidamente a ideia de Trump, com o senador democrata Chris Coons chamando os comentários do presidente de “ofensivos, insanos, perigosos e tolos”.
A deputada democrata Rashida Tlaib, membro palestino-americana do Congresso por Michigan, acusou Trump em uma publicação nas redes sociais de “pedir abertamente por limpeza étnica” com a ideia de realocar toda a população de Gaza.
Trump defende pela primeira vez a realocação permanente dos palestinos de Gaza
A declaração de Donald Trump foi a primeira vez que um presidente americano se posicionou pela realocação de palestinos. Ele disse que o território “não é um lugar para as pessoas viverem”, e afirmou que os moradores “não deveriam voltar para lá”.
Casas de civis destruídas na Faixa de Gaza – Foto: AP Photo/Leo Correa/ND
Ao lado de Netanyahu, Trump afirmou que Gaza deve ser um local para deixar as pessoas felizes. “Espero que possamos fazer algo para que eles não queiram voltar, porque eles não experimentaram nada além de morte e destruição. Precisamos de outro local”.
O primeiro-ministro israelense não comentou a sugestão de Trump, embora aliados da extrema direita do país desejem aproveitar o apoio da Casa Branca para anexar o território de Gaza.
Segundo juristas e diplomatas, a retirada forçada dos 2,2 milhões de moradores de Gaza pode configurar crime de limpeza étnica, conforme as Convenções de Genebra. Em novembro, a Human Rights Watch afirmou que os deslocamentos forçados internos de palestinos, ordenados por Israel, dentro da Faixa de Gaza eram um crime de guerra.

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