Rorainópolis foi o mais castigado pelo calor, com 109 dias. Levantamento exclusivo feito a pedido do g1 também mostra que seis cidades roraimenses enfrentaram temperaturas extremas por mais de dois meses e outras duas por mais de um mês. Em 2024, sete dos 15 municípios de Roraima tiveram mais de três meses de calor extremo.
Valéria Oliveira/g1 RR
Sete dos 15 municípios de Roraima tiveram mais de três meses de calor extremo ao longo de 2024 — ano marcado como o mais quente da história da Terra até agora, de acordo com um levantamento exclusivo feito, a pedido do g1, pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden). Isso que significa que nessas regiões, as máximas ficaram entre 39°C e 40°C.
Além desses, seis enfrentaram temperaturas máximas extremas por mais de dois meses e outros dois por mais de um mês (veja quais são no mapa abaixo).
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☀️ O município que passou mais tempo “debaixo do sol” foi Rorainópolis, com 109 dias, que equivalem a três meses e 19 dias. Os termômetros da cidade, que tem a segunda maior população do estado, atingiram a máxima de 39°C.
🥵 A segunda cidade mais castigada pelo sol foi Caracaraí, que teve 104 dias de calor em 2024, ainda que não seguidos um do outro. As temperaturas no município chegaram a máxima de 40°C ao longo do ano passado.
Os sete municípios com mais dias de calor extremo do estado em 2024 são:
Rorainópolis: 109 dias e máxima de 39°C;
Caracaraí: 104 dias e máxima de 40°C;
São Luiz: 98 dias e máxima de 39°C;
São João da Baliza: 96 dias e máxima de 39°C;
Amajari: 93 dias e máxima de 40°C;
Alto Alegre: 91 dias e máxima de 39°C;
Boa Vista: 91 dias e máxima de 39°C.
A cidade que menos sofreu com o calor foi Uiramutã, a mais indígena do Brasil, que ficou 52 dias sob calor extremo. Como alternativa para lidar com as altas temperaturas, a região tem mais de 80 cachoeiras catalogadas.
Com influência do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, 2024 foi o ano mais quente da história na Terra desde o início das medições históricas em 1880.
No Brasil, ele impulsionou o aquecimento, mudou o curso da chuva nos estados de forma geral e impactou de forma mais tensão a região Norte do país, onde está Roraima. Em todo o país, mais de 6 milhões de brasileiros enfrentaram pelo menos 150 dias de calor extremo em 2024.
Além disso, no ano passado, o país viveu a pior seca da sua história, que afetou todo o território nacional, mas foi mais grave no Norte, deixando rios secos e populações isoladas. Em Roraima, a população enfrentou a estiagem severa, a seca do Rio Branco — o principal rio do estado — e às chamas.
Barcos e flutuantes encalhados aonde costumava ter água no rio Branco, em Boa Vista
Caíque Rodrigues/g1 RR
Com o solo e a vegetação seca, as temperaturas altas e a falta de chuva, o fogo se espalhou pelo estado e consumiu casas, animais e vegetação. Em fevereiro de 2024, Roraima registrou o maior cenário de queimadas dos últimos 25 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
🔥 No período foram 2057 focos de calor no estado, que acumulou 30% de todos os focos de incêndio registrados no início do ano no Brasil. Os incêndios eram causados por duas razões principais: seca severa e as queimadas.
Fogo em floresta no município de Amajari, em Roraima
Oseias Martins/Rede Amazônica
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Metodologia do levantamento
A análise foi feita a pedido do g1 pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entenda abaixo como isso foi feito:
🔎 Para cada dia do ano foi calculado um valor limite de temperatura.
🔎 Para isso, foram analisandos os dados diários da série histórica entre 2000 e 2024.
🔎 Como resultado, foi constatado o total de dias no ano de 2024 que superaram os valores mais altos vistos na série histórica, o que configura um extremo de calor.
🔎 O índice é o mesmo usado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Por exemplo, segundo os dados, para o mês de novembro, a temperatura em Belém, capital do Pará, é considerada extrema quando é maior que 33,9°C. Neste mês, a cidade registrou temperaturas que superaram essa máxima e chegaram a 37,1°C.
O levantamento considerou informações de 5.571 municípios brasileiros. Pouco mais de 100 ficaram de fora, o que inclui as capitais João Pessoa e Recife. Segundo a pesquisadora do Cemaden Márcia Guedes, que fez parte do levantamento, isso ocorre porque ao coletar os dados do satélite, a resolução não conseguiu alcançar algumas cidades na faixa litorânea.
Mais de 6 milhões de pessoas enfrentaram calor extremo no Brasil
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