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No semiárido cearense, uma área de 1 km de largura e 160 metros de profundidade pode se tornar o epicentro da mineração nuclear brasileira. O consórcio entre a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e uma mineradora privada pretende extrair, anualmente, 750 mil toneladas de fosfato e 2,3 mil toneladas de urânio – suficiente para multiplicar por oito a produção nacional do mineral, diz Fantástico.
A iniciativa promete reduzir a dependência de importações (hoje, 80% do fosfato usado no agro vem do exterior) e gerar 6 mil empregos diretos e indiretos, além de potencializar a cadeia nuclear brasileira.
O principal impasse está no uso de recursos hídricos. O primeiro projeto, rejeitado pelo Ibama, previa consumir 30% da vazão do açude Edson Queiroz, vital para o Nordeste. A nova proposta reduziu o consumo para 10%, mas ambientalistas alertam: mesmo essa parcela é crítica em uma região onde o solo racha sob sol de 40°C.
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Para o setor nuclear, o projeto em Santa Quitéria é estratégico. O urânio extraído poderia render R$ 1 bilhão/ano com exportações. “Muitos países, especialmente na Europa Central e do Leste, estão olhando a energia nuclear como uma fonte de autonomia”, diz Rafael Mariano Grossi, diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica.
O Brasil, porém, enfrenta um dilema paralelo: Angra 3, obra iniciada nos anos 1980, está 65% pronta e consumiu R$ 12 bilhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estimou que conclusão exigiria R$ 23 bilhões, enquanto desistir custaria R$ 12 bilhões. Além disso, a paralisação deixa um gasto anual de R$ 120 milhões de manutenção.
A decisão final sobre a mina no Ceará e o futuro de Angra 3 está nas mãos do Conselho Nacional de Política Energética, que reúne 15 ministros e representantes da sociedade civil.