O Instituto Butantan se prepara para lançar uma nova vacina contra dengue, ainda em 2025, a fim de evitar um novo surto da doença que matou 5.972 no ano anterior. Nesta quarta-feira (12), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) solicitou informações e dados complementares para dar seguimento à análise do imunizante. Os dados devem ser repassados à agência ainda em fevereiro.
Expectativa é aplicar o imunizante em sete de cada dez brasileiros para evitar explosão de casos de dengue em 2026 – Foto: Instituto Butantan/ND
A vacina contra dengue do Instituto Butantan é 100% nacional e a primeira do mundo, em dose única, capaz de combater quatro sorotipos da doença. Além disso, o imunizante é mais barato que a concorrente importada Qdenga, que já é aplicada em crianças de 10 a 14 anos através do SUS (Sistema Único de Saúde).
Com o aval da agência, o imunizante poderá ser negociado com laboratórios, farmácias e clínicas privadas, além de ser incluído ao PNI (Programa Nacional de Imunizações), para que usuários do SUS sejam vacinados.
Anvisa solicita mais detalhes sobre imunizante brasileiro
Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira, a Anvisa informou que concluiu, de forma antecipada, a análise de dados de qualidade, segurança e eficácia apresentados pelo Instituto Butantan, sobre a vacina contra dengue desenvolvida pelo Instituto.
A equipe técnica solicitou informações e dados complementares necessários para o seguimento da análise, referente a três pacotes de dados apresentados pelo IB. Neste momento, a Anvisa aguarda o protocolo do pedido de registro da vacina.
O Instituto Butantan informou, através de nota, que já recebeu a solicitação da Anvisa e que o pedido “faz parte do processo normal de submissão contínua do pedido de registro da vacina contra dengue Butantan-DV”. O órgão pretente responder aos questionamentos ainda este mês.
Imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan aguarda aprovação da Anvisa para ser incluído no calendário nacional – Foto: Instituto Butantan/ND
Vacina contra dengue pode evitar surto no Brasil, estima Butantan
Como a epidemia de dengue é sazonal e também está associada à incidência das chuvas no início do ano, o imunizante precisará chegar ao braço de sete em cada dez brasileiros para evitar explosão de casos de dengue em 2026 e nos anos seguintes.
Em entrevista ao R7, o diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Ensaios Clínicos da Fundação Butantan, Gustavo Mendes, explicou que a vacina foi pensada para combater a rotatividade nos sorotipos que mais circulam.
“A gente viu que a dengue 3 é a uma que está surgindo e tendo um número de casos expressivo. Mas, em cada temporada, pode ser que um dos quatro tipos circule mais e outro, menos. Então, a gente fez uma vacina que tem o objetivo de proteger contra os quatro. É como se fossem quatro vacinas numa só”, destacou.
Ministério da Saúde já confirmou 269.919 casos da doença em 2025 – Foto: Butantan/ND
Além disso, a vacina contra dengue será aplicada em dose única, sem necessidade de reaplicação ao longo da vida, como já ocorre com outras doenças, como febre amarela e catapora. O Instituto Butantan acredita ser capaz de produzir 50 milhões de doses da vacina contra dengue por ano.
“Serão 100 milhões até 2027. A gente está fazendo uma série de ajustes para poder aumentar a escala de produção, o que demanda uma série de testes, contratações, adaptações, algumas medidas que precisam ser tomadas. É por isso que, para esse ano, o número é menor [previsão de 1 milhão de doses], mas se espera que, nos próximos anos de 2026 e 2027, fique aí em torno de 50 milhões de doses por ano”, finaliza Gustavo.
