O que o filme ‘Babygirl’ diz sobre desejo, poder e a vida secreta das mulheres

Ela tinha tudo: uma carreira brilhante, um casamento estável com vida sexual ativa, filhas e um cachorro. Mas, e se o desejo ultrapassasse essas fronteiras sociais? O que acontece quando a fantasia invade a realidade? O filme Babygirl, estrelado pela notável Nicole Kidman, tem chamado atenção não por ter apenas um romance proibido como roteiro. É sobre desejo, poder e os segredos que todas carregamos.
Filme ‘Baygirl’, estrelado por Nicole Kidman, traz história de poderosa CEO que se envolve com o estagiário – Foto: Reprodução Instagram @babygirl

A sinopse oficial é direta: “Uma CEO coloca sua carreira e família em risco quando inicia um tórrido caso amoroso com um estagiário.” Mas o filme nos leva a lugares mais interessantes. Afinal, essa relação é um escape de um casamento por ora entediante?
Uma breve pausa: não seriam todos, em algum momento?
Uma tentativa de reafirmar o próprio poder? Ou um fetiche pelo mais jovem e pela dinâmica da submissão? Ou, talvez, uma libertação própria? Um ato de empoderamento?
Hoje trago três pontos de reflexão recorrentes em meus atendimentos na clínica e na plataforma Sexo sem Dúvida para a conversa.
Babygirl fala sobre a sexualidade da mulher e seus tabus
O filme escancara um tema ainda cercado tabus: a sexualidade da mulher madura, especialmente quando ela é casada e mãe. Enquanto o desejo masculino é constantemente explorado no cinema, a autonomia sexual da mulher, sobretudo após os 40, 50, 60 anos, continua sendo vista como algo transgressor.
Por que o prazer da mulher ainda precisa ser justificado? Por que, quando uma mulher heterossexual desafia as barreiras impostas, a condenação social é mais severa do que seria para um homem? E por que a maternidade é constantemente usada como um argumento para questionar os desejos femininos, mesmo quando essa não é a questão central?
Poder, relações de trabalho e desejo
Há também uma inversão de papéis interessante aqui. Em tantas narrativas, homens mais velhos e poderosos envolvem-se com mulheres mais jovens e isso é naturalizado. Mas quando a protagonista assume essa posição de poder, a história ganha uma camada extra de julgamento moral.
“Babygirl” traz diversos questionamentos, inclusive sobre quem detém o controle em uma relação neste formato. A CEO busca um escape ou está reafirmando seu domínio? O estagiário é um parceiro no jogo da sedução e na realização dos fetiches ou um símbolo da juventude que ela teme perder?
Fetiches e vida secreta
Temos a vida pública, a vida privada e a vida secreta. O filme brinca com essas camadas, mostrando como, por trás das aparências, todas carregamos desejos inconfessáveis. Mas até que ponto essas fantasias devem ser realizadas? Nem toda fantasia precisa se tornar realidade. E talvez algumas delas existam exatamente porque são inalcançáveis.
E a você, já te ofereceram um copo de leite?

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