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Entre os 21 feridos, 9 seguem em estado grave. Eles tiveram queimaduras nas vias aéreas, causadas pela inalação da fumaça tóxica e quente. Incêndio atinge fábrica de fantasias pro Carnaval, na zona norte do Rio
Um incêndio destruiu uma fábrica de fantasias em que havia dezenas de funcionários na Zona Norte do Rio de Janeiro. Vinte e uma pessoas foram retiradas do prédio com vida.
A fumaça preta e densa era vista a distância. O Globocop foi um dos primeiros a chegar e mostrou o flagrante de desespero.
“Você vê aí as pessoas com as pernas, os braços para fora já nessa janela, para tentar encontrar um local mais seguro, fugir dessa fumaça extremamente tóxica. As pessoas quebraram os vidros da janela”, relata o repórter.
Funcionários da fábrica ficaram sem saída, aprisionados pelo fogo e pela fumaça. O repórter Lucas Madureira acompanhava os momentos de angústia:
“Uma corrida contra o tempo porque o incêndio está avançando e as pessoas estão presas”.
Wesley da Cruz Ricardo, colaborador do Império Serrano, buscava ar fora da janela. Os bombeiros chegaram em quatro minutos e sabiam que o trabalho seria difícil. Eles conseguiram cortar a estrutura de ferro da janela. Só assim, aos poucos, as vítimas puderam sair.
“Fui o primeiro a sair, mas eu não sei quem ficou lá dentro. Não sei quantas pessoas estão bem ou mal”, diz uma vítima.
Dezenas de funcionários escapam de incêndio em fábrica de fantasias na Zona Norte do Rio
Jornal Nacional/ Reprodução
Wesley também foi retirado:
“Estou bem, gente. Foi desesperador, mas eu estou bem. Obrigado por tudo, tá? Eu estou bem, eu só preciso acalmar a minha mãe”.
O último homem a ser salvo mostrava sinais de exaustão.
Do apartamento da diarista Mary Espósito é possível ver os fundos da fábrica. Ela acordou ao ouvir gritos de socorro e, imediatamente, mobilizou vizinhos que ligaram para os bombeiros e logo começaram a jogar panos molhados para as vítimas que estavam em uma janela: local dos resgates mais tensos.
“É uma cena impactante. Você sentir a pessoa te pedindo ajuda e você não ter como ajudar… Aí eu falei: ‘Calma, calma, pelo amor de Deus’. Eu fiquei aqui tentando tranquilizar eles. E nisso, a gente jogando pano, molhava jogava pano, molhava, e eles, o pessoal aqui embaixo que estava ajudando jogando pano para eles para eles poderem botar no rosto. Isso que foi”, conta Mary Espósito.
“O maior desafio nosso foi a concentração de fumaça. A gente sabe que são produtos sintéticos, de plástico, produzem uma fumaça um pouco mais volumosa, com mais densidade. O que fez com que os nossos militares tivessem que entrar para buscar as vítimas que estavam desorientadas dentro do galpão. Elas estavam perdidas, inalando fumaça. A gente equipou os bombeiros com cilindros de ar comprimido, conseguimos adentrar e tirar elas”, explica o major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros.
Dezenas de funcionários escapam de incêndio em fábrica de fantasias na Zona Norte do Rio
Jornal Nacional/ Reprodução
Vinte e uma pessoas foram retiradas com vida e levadas para cinco hospitais. O prédio da fábrica tem três andares. Testemunhas contaram que o incêndio começou no térreo por volta das 7h30 e se espalhou rapidamente. As causas estão sendo investigadas. A polícia entrou uma ligação clandestina de luz.
O Ricardo Santos é faxineiro e tinha chegado para trabalhar quando viu o fogo. Ele conseguiu ajudar no resgate.
“Só pensei em botar a escada no pé da janela para tirar eles lá de dentro”, diz Ricardo Santos.
A Maximus Confecções fica em Ramos, na Zona Norte do Rio. Segundo a prefeitura, o alvará da empresa foi expedido em outubro de 2022, mas até hoje não tinha autorização do Corpo de Bombeiros para funcionar. A Maximus era especializada na confecção de roupas para carnaval e estava produzindo 24 horas por dia para dar conta das encomendas. Alguns trabalhadores nem iam para casa, dormiam no chão.
Três escolas de samba da Série Ouro estavam com 100% da produção na fábrica. A Império Serrano – uma das mais antigas do carnaval – teve praticamente todas as fantasias queimadas.
“Quando eu abri a porta, o fogo veio. Só deu da gente correr, se jogar pela escada e sair correndo”, diz uma vítima.
Imagens foram gravadas pelo Corpo de Bombeiros logo depois do trabalho de rescaldo. Parte do teto pode desmoronar. Somente duas salas não foram atingidas pelo fogo. A Defesa Civil municipal interditou o prédio.
Entre os feridos, nove seguem em estado grave. Eles tiveram queimaduras nas vias aéreas, causadas pela inalação da fumaça tóxica e quente. Até agora, seis já saíram do hospital.
A vendedora Carla Gomes da Cruz acompanhou o desespero do filho pela televisão.
“Foi um susto? Foi. Mas ele está bem”, diz.
Wesley da Cruz Ricardo foi um dos que saíram do hospital na tarde desta quarta-feira (12):
“Eu falava: ‘Não vou ter força, não vou conseguir sair daqui’. As pessoas lá dentro gritando, e era mais desesperador isso. Fui o único que estava com corpo, tentando botar para a janela, com o rosto. Porque, assim, eu não conseguia respirar, eu não conseguia respirar. Essa sensação foi péssima. Agora estou mais calmo, sei que estou bem, graças a Deus, não sei o estados dos meus outros amigos que estavam lá, mas espero que estejam todos bem, graças a Deus”.
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