O sequestro do agente penitenciário no Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí, conhecido como Canhanduba, teve fim após oito horas. Ele foi feito refém por volta das 13h e liberto às 21h desta sexta-feira (14). Segundo a Sejuri (Secretaria de Estado de Justiça e Reintegração Social), ele foi retirado da cela sem nenhum ferimento. Entenda o que motivou a ação e como foram as negociações entre os detentos e as forças de segurança pública.
Sequestro do agente penitenciário ocorreu no presídio de Itajaí, conhecido como ‘Canhanduba’ – Foto: Sejuri/Reprodução/ND
Como começou o sequestro do agente penitenciário
O sequestro do agente penitenciário no presídio de Itajaí iniciou por volta das 13h, quando cinco detentos da cela 10, na galeria C do presídio, renderam o homem que fazia controle nas celas.
Logo após o anúncio do sequestro, equipes especializadas da Polícia Penal e da Polícia Militar foram acionadas, juntamente com o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar).
Os detentos utilizaram armas improvisadas com materiais disponíveis na prisão e pediam para ser ouvidos por membros do judiciário e da Polícia Penal. Entre as armas, estavam facas afiadas artesanalmente a partir de partes de ventilador, segundo o Bope.
Forças de segurança cercaram o presídio de Itajaí para negociar a libertação após sequestro do agente penitenciário – Vídeo: SAP/Divulgação/ND
Como foram as negociações
O capitão do Bope Bruno Alves de Morais descreveu a tática do batalhão e relatou que, logo que chegaram, os policiais iniciaram um diálogo que durou até 21h, momento em que os detentos soltaram o refém.
“A negociação seguiu no intuito de acalmar os ânimos dos apenados, que estavam bem exaltados. Esse diálogo durou bastante tempo. Nosso objetivo era garantir a segurança de todos os envolvidos”, explica Morais.
“Os apenados se mostravam agressivos em muitos dos momentos, ameaçando a vida do refém. Proferindo ofensas, principalmente aos trabalhadores do sistema prisional”, relembra o capitão do Bope.
Enquanto a negociação do sequestro do agente penitenciário acontecia, policiais do BOPE ficavam a postos para forçar a entrada se necessário – Foto: BOPE/Divulgação/ND
O que motivou o sequestro do agente penitenciário
Acompanhando a situação, estavam a Sejuri (Secretaria de Estado de Justiça e Reintegração Social), através da secretária, Danielle Amorim Silva, bem como a OAB/SC, representada pelo advogado Luís Veiga, da subseção de Balneário Camboriú. No entanto, as duas partes deram versões diferentes sobre o que teria motivado o sequestro do agente penitenciário.
Amorim declarou que os detentos os eles pediam melhorias na alimentação, saúde e reclamavam na falta d’água. “Foi um oportunismo que eles tiveram. A partir disso, acabaram reivindicando questões que não se confirmam, como a falta de água, que é uma situação que não é apenas da unidade prisional, mas que está atingindo mais bairros da cidade. Eles [também] alegaram outras questões como alimentação e saúde, fatos que sempre são reivindicados pelos presos”, afirmou.
Já Veiga avaliou que o motim foi motivado por razões de transferências de presos. “A razão que nos passaram é que os internos buscavam transferência para suas comarcas de origem. Não nos passaram as comarcas”, disse.
A secretária Danielle Amorim deu detalhes sobre o sequestro do agente penitenciário no presídio de Itajaí em coletiva após a libertação do refém – Foto: SAP/Divulgação/ND
O tenente-coronel Mlanarczyki, do Bope, afirmou que a versão da OAB não se confirma. “Em momento algum os presos tiveram essa movimentação [de reivindicar troca de comarca]. Inclusive, na tratativa com a própria juíza responsável, ela deixou bem claro que não era isso”, analisou.
Por fim, Amorim concluiu que a versão da Sejuri será levada adiante e as reivindicações serão ouvidas. “Com certeza, a secretaria vai avaliar o que foi alegado pelos internos, vamos abrir um procedimento para que seja investigado como que aconteceu toda essa situação”, declarou em entrevista coletiva.
Como tudo terminou
Após oito horas de tensas negociações, o sequestro do agente penitenciário terminou com a liberação do policial e nenhum ferido. A identidade do agente de controle, que trabalha como terceirizado em Canhanduba, não foi divulgada. Tampouco a dos detentos que o sequestraram.
“Toda a assistência médica e psicológica está sendo garantida ao funcionário e a Sejuri já instaurou um procedimento interno para apurar todas as circunstâncias do fato”, declarou a Sejuri, em nota oficial.
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Agente foi liberto após oito horas como refém em presídio de Itajaí – Sejuri/Divulgação/ND
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Agente foi liberto após oito horas como refém em presídio de Itajaí – Sejuri/Divulgação/ND
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Agente foi liberto após oito horas refém em presídio de Itajaí – Brayan Brum/ND
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Motim começou com agente feito de refém em presídio de Itajaí – Reprodução/Cidade Alerta SC/ND
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Cinco detentos mantiveram o agente refém em presídio de Itajaí – SAP/Divulgação/ND
Penitenciária de Canhanduba tem histórico de rebeliões
Além do motim desta sexta-feira (14), o caso mais recente é de 2019, quando também cinco detentos mantiveram três agentes como reféns.
Na época, o Deap (Departamento de Administração Prisional), informou que o tumulto iniciou no horário de visita da penitenciária e os detentos utilizaram pedaços de pisos quebrados, um extintor de incêndio e barras de ferro para render os agentes e impedir a saída deles de uma cela. A rebelião durou cerca de 5h.
Em 2016, um agente terceirizado foi rendido e feito refém por 15 presos, durante 30 minutos. Os detentos eram do “seguro”, ala onde ficam estupradores e jurados de morte.