Bandeira com três estrelas vermelhas, símbolo da resistência à ditadura, foi hasteada na Embaixada da Síria em Moscou, capital da Rússia, no dia seguinte à queda do governo de Bashar al-Assad. Bandeira atual foi adotada por pai do atual ditador. Bandeira da oposição foi hasteada na embaixada da Síria em Moscou, na Rússia, em 9 de dezembro de 2024.
Alexander Nemenov/AFP
Depois de que rebeldes sírios tomaram a capital Damasco e disseram ter derrubado o regime do ditador Bashar al-Assad, uma bandeira diferente da oficial da Síria começou a ser ostentada parte da população local.
E não só na Síria: a bandeira foi hasteada em embaixadas ao redor do mundo, como em Moscou, onde Assad está em asilo político.
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Essa bandeira tem três faixas horizontais: uma verde por cima, outra branca na coluna do meio e uma terceira, preta, embaixo. Três estrelas vermelhas são estampadas no centro (veja abaixo).
Essa representação também foi vista nas embaixadas sírias de São Petesburgo, na Rússia, e em Madrid, a capital espanhola, e representa um símbolo antidinastia Assad. (Leia mais abaixo)
Bandeira da Síria utilizada entre as décadas de 20 e 40, retomada por rebeldes que derrubaram governo de Bashar al-Assad.
Reprodução
Essa bandeira é símbolo do grupo HTS e foi utilizada como representação oficial da Síria entre 1920 a 1946, durante o período em que foi colônia francesa após a 1ª Guerra Mundial, e entre 1963 e 1972, disse a pesquisadora Ana Karolina Morais ao g1.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a bandeira com estrelas vermelhas ganhou um significado de resistência pelos sírios ao longo dos anos, então hoje a oposição quer retomar essa simbologia.
A atual bandeira da Síria, com três faixas horizontais, vermelha por cima, branca na do meio e preta na debaixo, e com duas estrelas verdes no centro (veja abaixo), foi adotada em 1972 pelo ditador Hafez al-Assad — pai de Bashar e que ficou no poder até 2000, ano de sua morte.
Bandeira oficial da Síria desde 1972.
Reprodução
A adoção dessa bandeira com duas estrelas pelo ditador ocorreu em um contexto de uma maior união entre países árabes na década de 1970, com a criação da Federação das Repúblicas Árabes. As duas estrelas na bandeira, inclusive, representam a Síria e o Egito, afirma Ana.
A Federação das Repúblicas Árabes, composta por Síria, Egito e Líbia, foi o grupo que tentou criar um Estado árabe, unificando seus integrantes, mas que não obteve sucesso.
Embaixada em Moscou com bandeira da oposição síria
Embaixada da Síria em Moscou, na Rússia, hasteia bandeira da oposição
A bandeira da oposição síria foi hasteada nesta segunda-feira (9) na embaixada da Síria em Moscou, segundo constatou um correspondente da AFP, um dia após a queda do presidente Bashar al-Assad, deposto pelos rebeldes em uma ofensiva relâmpago.
Um grupo de homens hasteou a emblemática bandeira da oposição com três estrelas vermelhas na representação diplomática na capital da Rússia, segundo o jornalista.
Essa bandeira da oposição tem três faixas horizontais, verde por cima, branca na do meio e preta na debaixo, com três estrelas vermelhas no centro.
“A embaixada está aberta e trabalha normalmente sob a nova bandeira”, declarou uma fonte da representação síria à agência pública Tass.
A ação simbólica ocorre depois que Bashar al-Assad e sua família se estabeleceram em Moscou, segundo informaram as agências de notícias russas no domingo, com base em uma fonte do Kremlin. A AFP não conseguiu confirmar as informações até o momento. O Kremlin não confirmou nem negou a presença de Assad em território russo, apenas confirmou que deu asilo político ao ditador. Ainda no domingo, o governo russo disse que Assad deixou a Síria e ordenou uma “transição pacífica de poder”.
A Rússia, presidida por Vladimir Putin, era ao lado do Irã o principal país aliado de Assad. Moscou se envolveu militarmente no conflito sírio em 2015.
No território sírio, a Rússia tem uma base naval em Tartus e uma base aérea em Hmeimim.
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ROB ENGELAAR / ANP / AFP