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Dados do ISP indicam que alta de indicadores ocorre desde o início do ano. Em entrevistas, governador atribuía clima de insegurança a ‘narrativas’ e ‘mau humor’ da imprensa. Governador diz que motivação para troca na Polícia Civil foi piora nos índices de segurança
O governador Cláudio Castro (PL) alegou um “aumento gigante da violência” para justificar a decisão de demitir o secretário de Polícia Civil, Marcus Amim – publicada nesta quarta-feira (4) no Diário Oficial.
“Temos visto um aumento gigante da violência, uma piora dos índices”, disse em entrevista ao jornal O Globo.
Há até bem pouco tempo, no entanto, o próprio Castro vinha comemorando os índices de segurança pública.
Há seis meses, à CBN, o governador disse que os dados eram os melhores dos últimos 10 anos, e atribuía o clima de inseguranças a “narrativas” e “mau humor” da imprensa.
“Pega os índices de furto a celular, você vê que o índice de São Paulo é o dobro que o nosso. Nós estamos falando que há um mau humor por parte de grande parte da imprensa”, disse Castro, em abril.
Em julho, um mês antes de demitir o secretário, Castro destacou o “trabalho impecável de inteligência das polícias que entraram em dezesseis comunidades da zona oeste e prenderam cento e quarenta e cinco bandidos”. A afirmação foi feita em um artigo publicado no jornal O Globo.
O RJ2 pediu uma entrevista ao governador para falar sobre a troca na Polícia Civil. O governo enviou uma nota na qual disse que depois de um grande período apresentando os melhores índices de segurança dos últimos anos, a gestão vem acompanhando o aumento nos índices de criminalidade – apenas nos meses de julho e agosto.
Por conta disso, para “melhorar e dar mais efetividade” à atuação das forças de segurança, o governador Cláudio Castro fez as modificações no quadro de secretários, segundo a nota.
Cláudio Castro
DAVI CORRÊA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
Índices em alta desde o início do ano
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que houve um aumento de indicadores estratégicos no acumulado de janeiro a julho, em comparação com o ano passado.
Índices como roubo de rua e roubo de veículos tiveram aumento. Os roubos de carga e letalidade violenta (homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, morte por intervenção de agente do Estado e roubo seguido de morte) registraram queda.
roubo de rua: 10,7%
roubo de veículos: 15,3%
letalidade violenta: -17,5%
roubo de carga: -33,8%
Surpresa até da base aliada na Alerj
A demissão de Amim surpreendeu até mesmo a base aliada de Castro na Assembleia Legislativa do Rio.
“O que eu quero aqui é que o governador esclareça o que motivou a exoneração do Amim”, disse o deputado Thiago Rangel (PRTB), na sessão de terça-feira (3).
Sexto secretário em três anos
Delegado Felipe Curi foi baleado em megaoperação no Conjunto de Favelas do Alemão nesta quarta-feira (3)
Reprodução/TV Globo
Para o lugar de Amim, foi escolhido o delegado Felipe Curi. Ele é o sexto secretário a ocupar o cargo desde que Castro assumiu o governo, em 2021.
O ex-secretário Nacional de Segurança Pública e especialista no tema, José Vicente Filho, avalia que a constante mudança de secretários não é positiva para o cenário do Estado.
“A troca constante gera muita instabilidade nas estruturas, principalmente estratégicas de comando nas duas polícias”, afirmou. Para ele, a mudança dificilmente vai trazer resultados na diminuição da criminalidade, e mostra problemas na coordenação do combate à violência.
“Quando há uma elevação de crimes violentos, especialmente roubo de carro, que revela um protagonismo, criminosos mais ousados, mais perigosos também, mostra uma falta de coordenação das grandes instituições de segurança pública, que são as polícias Civil e Militar”, disse José Vicente Filho.